Cadê o bom e velho 007?
Alguma coisa vem se perdendo nos filmes de 007. “Cassino Royalle”, de 2006, o primeiro estrelado pelo inglês Daniel Craig no papel de James Bond, pareceu uma reestreia com o que os filmes de James Bond tinham de melhor: glamour, romance, suspense, e tecnologia e truques mirabolantes (a maioria um tanto improvável mas, enfim, faz parte da série).
Cronologicamente, o filme volta à época em que Bond assume o cargo de 007 e dá os passos para sua primeira importante missão: deter os planos de Le Chiffre, um incansável financiador do terrorismo internacional. Ao longo de sua caçada, Bond precisa enfrentá-lo em partidas de Poker e, enquanto joga uma delas, é envenado com uma bebida. Passando mal, corre para o carro, onde um mini kit de ressuscitação o espera. Esse é Bond!
No filme de 2008, “Quantum Of Solace”, cujos eventos são sequências aos de “Cassino Royalle”, há uma queda vertical no que se espera de um filme da série. Os truques mirabolantes e a sofisticação do personagem desaparecem e o desenrolar dos acontecimentos transforma a produção no que poderia ser apenas mais um filme de ação, sem James Bond. Um desastre.
“Operação Skyfall”, de 2011, procurou tirar o personagem do limbo e, em parte, conseguiu. Mantêm-se as boas sequências de ação do anterior (basta assistir às cenas sobre o trem, onde Bond é baleado acidentalmente e cai inconsciente no oceano) e recupera-se parte do glamour perdido, mas o personagem soa, muitas vezes, apático, o que depõe, outra vez, contra o perfil seguro do agente. Mesmo assim, passa no crivo da crítica.
Em “007 Contra Spectre”, de 2015, outra queda. Tudo o que se tinha conseguido em “Skyfall” sofre um novo abalo sísmico e faz a franquia despencar novamente. Falta tudo: suspense em boa parte do filme, os gadgets tecnológicos soam como velhos clichês – sem nada que possa de fato surpreender o telespectador, e as cenas de paixão mais parecem um breve ensaio. Além disso, o vilão da estória, Franz Oberhauser, parece tão perigoso quanto uma menina disposta a brincar de casinha e a ligação fraca que une vilão e herói simplesmente não cola.
Parece termos um padrão. Um filme bom, outro ruim. Se a ideia for essa, o próximo deve redimir este último. Enquanto isso, pergunto: cadê o bom e velho James Bond?